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Perguntas Frequentes

1) O que é hipnose?
No geral, existem duas formas clássicas de considerar a hipnose. Alguns autores a consideram como uma questão de estado psíquico diferenciado ou alterado, enquanto outros, como um jogo de papéis entre o hipnotizador e o sujeito. Há ainda quem a considere uma questão de imaginação, tentando conciliar as diferenças entre tais propostas. Erickson considerava a hipnose basicamente de duas formas. Primeiro, como um processo natural da vida cotidiana, onde as pessoas entrariam em transe todos os dias. Para ele, enquanto uma parte da mente se concentrava numa atividade específica (como dirigir, cozinhar, assistir TV), a outra poderia desenvolver processos inteiramente distintos. Daí porque às vezes a pessoa parece estar longe em seus pensamentos, embora esteja realizando uma atividade. Esse conjunto de processos e aprendizados naturais pode, segundo Erickson, ser usado de forma terapêutica. Em segundo lugar, como uma forma de se comunicar, de transmitir mensagens entre as pessoas que quando interagem influenciam-se mutuamente, contribuindo para a criação de realidades psíquicas de diferentes formas.

2) Qual a relação entre hipnose e psicoterapia?

Costuma-se dizer que a hipnose é a mãe das psicoterapias. Isso não apenas devido à sua semelhança com os métodos de cura desenvolvidos por civilizações antigas, mas também devido a influência presente entre as pessoas durante um processo terapêutico. Numa relação terapêutica não existe neutralidade como se dá em um laboratório, pois, entre cliente e terapeuta, existem muitas trocas de mensagens em diferentes níveis que possuem uma influência marcante no psiquismo de cada um. Em outras palavras, toda psicoterapia possui um componente sugestivo ou hipnótico.

3) Em que se fundamenta a terapia de Erickson ?

Os autores destacam vários pressupostos, mas aqui daremos ênfase apenas a alguns.

a)    Hipnose Naturalista – isto é, uma forma de hipnose que se adapta aos processos e experiências do sujeito ao invés de enquadrá-lo em um setting Standard. A hipnose se fundamenta em processos naturais, recursos e aprendizados, que cada um desenvolve de forma particular em seu cotidiano. Dessa forma, a terapia ocorre quando tais processos são ativados a favor do cliente e não devido à autoridade ou ao poder do terapeuta. Trata-se de uma hipnose de dentro para fora em que o cliente cria, a partir de sua própria experiência, sobre o que o terapeuta lhe apresenta durante o processo terapêutico.
b)    Utilização – Trata-se de um princípio em que o terapeuta deve utilizar as expressões do cliente (comportamentos, sintomas, crenças, etc) a favor do processo terapêutico e não tentar adaptá-lo a um modelo geral de terapia. a terapia é, por isso, desenvolvida sob medida de maneira que o terapeuta é quem se adapta ao cliente.
c)    Solução – A proposta de Erickson possui forte teor pragmático e está sempre voltada para a construção de soluções. Ao invés de enfatizar a patologia, o déficit ou o disfuncional, busca efetivar o potencial, o recurso o que funciona visando a construção de novas possibilidades para o sujeito. O inconsciente, portanto, pode ser acionado como um reservatório de possibilidades e soluções para os dilemas que o cliente experimenta no seu dia-a-dia.
d)    Singularidade – significa que cada pessoa é única e que não deve ser enquadrada em esquemas gerais. Em conseqüência, a terapia deve ser desenvolvida sob medida, deve ser particularizada para cada situação. Um mesmo sintoma ou problema psicológico pode ser organizado de formas inteiramente distintas (significados, mecanismos) em pessoas diferentes.
e)    A-Teórico – Erickson nunca teve a pretensão de construir uma teoria, como é comum entre os autores da psicoterapia. Ele estava preocupado em desenvolver uma abordagem que pudesse ser efetiva para o tratamento terapêutico e acreditava que a teoria seria uma forma de generalização que impediria uma visão mais acurada da singularidade e do processo das pessoas. Também deve-se destacar que Erickson não pertenceu a qualquer corrente teórica ou foi discípulo de algum expoente da época, apesar de ter tido contato com os principais pensamentos e idéias de seu tempo.
f)    Comunicação indireta – para Erickson, quando o terapeuta tenta abordar a pessoa de uma forma direta, com prescrições ou questões diretas, ele mobiliza resistência. Assim, ele percebeu que se quisesse obter respostas sobre a família de um paciente, ao invés de fazer questões diretas, poderia contar histórias sobre as pessoas e suas famílias. Isso levaria a pessoa a fazer suas próprias associações e se sentir menos pressionada a resistir. Daí porque sua forma de hipnose é bastante rica em metáforas, analogias e histórias.

4) A Hipnose pode ser aplicada a quais problemas? Existem contra-indicações ao uso da hipnose?
Atualmente, existe uma ampla gama de aplicações da hipnose que pode abranger problemas como fobias, adições, disfunções sexuais, reconstrução da identidade, depressões, ansiedade, psicoses, terapias de casais e famílias, como também suas aplicações à medicina e odontologia (dor e adesão ao tratamento) e outras áreas, como o esporte. Não existe consenso sobre as contra-indicações quanto a seu uso, pois os autores se posicionam diferentemente sobre isso. Porém, o que é possível afirmar, principalmente quanto a problemas mais graves como as psicoses, é que o terapeuta precisa ser habilitado para a aplicação da hipnose, estando consciente das implicações e necessidades da pessoa sob seus cuidados. Também é possível afirmar que a prática da hipnose, como proposta por Erickson, sempre deve envolver um contexto protegido principalmente quando o paciente está psiquicamente fragilizado, tal como ocorre nas grandes depressões, estruturas limítrofes e psicoses, pois, em tais condições, técnicas regressivas podem ser contra-indicadas.

5) Há pessoas que são mais suscetíveis à hipnose do que outras?
Para alguns autores mais clássicos, sim. Para Erickson, essa não era uma questão relevante, pois cada sujeito possui sua própria forma de entrar em contato com o inconsciente. Assim, importa descobrir quais seriam essas vias em cada um, pois todos os dias as pessoas entram em contato consigo mesmas. Daí a idéia exposta acima da hipnose naturalista, que aproveita as capacidades de transe natural para fins terapêuticos.

6) Quais são os profissionais que podem utilizar a hipnose em suas práticas?
No Brasil, há apenas três conselhos profissionais que reconhecem a hipnose como procedimento terapêutico. São eles: odontologia, medicina e psicologia. Além disso, o profissional que deseje trabalhar com hipnose deve se submeter a um processo de formação específico (junto a alguma instituição idônea) para que aprenda os procedimentos adequados de uso da técnica.

7) Quais são os pressupostos éticos no uso da hipnose?
Além dos pressupostos específicos que regulamentam cada profissão acima citada, o pressuposto mais importante no uso da hipnose é o da manutenção da integridade física, psíquica e emocional da pessoa. Mesmo que não se trate de um contexto terapêutico, como pesquisa ou mesmo ensino, a integridade da pessoa hipnotizada deve estar acima de qualquer outra necessidade.

8) Porque Freud abandonou a hipnose?
Por várias razões. Primeiramente, Freud possuía dificuldades pessoais com o uso da técnica, sendo que não conseguia obter os mesmos resultados de seus mestres, como Bernheim. Além disso, sua prática alimentava crenças hoje bastante questionadas, como a idéia de que é a autoridade do terapeuta que se impõe ao sintoma (hipnose de fora pra dentro). Mas, o que talvez tenha sido o motivo principal desse abandono, é que Freud desejava desenvolver um método que aliasse clínica e ciência. No paradigma dominante de ciência, a hipnose não poderia atender tais necessidades, pois não há como saber se as experiências dos sujeitos se constituem como fatos ou imaginação (artefatos), se são processos revelados ou construídos. Durante muito tempo, Freud acreditou que a psicanálise tivesse resolvido esse problema, principalmente devido à noção de um inconsciente que resiste à vontade do analista e do paciente. Por ter um método pretensamente mais científico, Freud acreditou que a psicanálise seria um método superior à hipnose, capaz de curas mais convincentes, já que se baseava numa visão mais científica e confiável da realidade. Porém, ao final de sua vida, com o texto “Análise terminável e interminável”, reconhece que ainda não havia sido encontrado um substituto para a sugestão. Ou seja, nem mesmo a psicanálise poderia se colocar como um método cientificamente diferenciado dos outros como a hipnose, já que ela também padecia dos mesmos problemas no tocante à eficiência terapêutica, como, por exemplo, o retorno de sintomas.

9) A hipnose é uma prática religiosa ou mística?
Não, pois é uma prática terapêutica voltada para o benefício das pessoas e não para confirmar os pressupostos de religiões ou seitas. Apesar de a hipnose ser controversa em termos científicos e de muitos autores a usarem para explicação de fenômenos religiosos, sua prática se restringe aos campos científicos de saúde, ensino e pesquisa.

10) Como buscar formação?
Atualmente, no Brasil, existem muitas entidades reconhecidas por órgãos competentes que podem oferecer formação de qualidade em hipnose. É importante que o profissional que deseja aprender a prática da hipnose busque se informar se a entidade ou profissional que ministra os cursos de seu interesse são reconhecidos por algum órgão competente. No caso dos institutos Milton H. Erickson, tal reconhecimento se dá pela Milton H. Erickson Foundation, Ph, AZ. Também pode ser interessante informar-se junto a pessoas que estejam fazendo ou já tenho feito cursos na instituição visada.

11) Como buscar ajuda terapêutica?
Se a pessoa busca ajuda junto ao profissional, é interessante que ela considere algumas fontes para ter uma idéia mais precisa sobre a idoneidade e competência do mesmo. A princípio, o profissional deve possuir diploma de uma das profissões às quais o uso da hipnose é lícito, como psicologia, medicina e odontologia. Pode também se informar sobre o mesmo junto ao conselho profissional dessas profissões. E também é importante informar-se sobre como foi sua formação em hipnose, com qual instituição ou profissional a mesma foi desenvolvida. É certo que, na história da hipnose, sempre existiram auto-didatas que deram grandes contribuições ao campo. Porém, mesmo nesses casos, os profissionais de destaque geralmente se ligam a alguma instituição que os respalde, como universidades ou associações.

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